segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Atração Interplanetária






    Em meio a tanta natureza eu encontrei...
    Pessoas com rotinas e anseios de vida dessemelhantes.
    Que muito tinham de diferentes... E ainda mais de belo!

    A atração, porém, foi inevitável.
    E de repente, e facilmente, me adeqüei aquele lugar.
    Fui acolhida... E logo já estava em casa.

    E foi no meio deste universo diverso que o encontrei.
    O menino de Urano.
    Vindo lá de perto da morada das estrelas, tão distante quanto elas podem ser...
    Ao mesmo tempo em que parece ser tão próximas, quando paramos para apreciá-las...a distância real porém sempre será assustadora.

    O encontro foi como uma nuvem no céu... eu sei da sua existência, mas é impossivel sentí-la, se desfaz quando tento uma aproximação, e quando chego perto o suficiente, é como se já não existisse nada....
    Mas o encanto não se desfez, ainda continuo a olhar para o céu, na intenção de te sentir mais próximo.
    O Ar não é seguro para pouso... Tudo que passa por ele está apenas de passagem...
    Mas eu sou da Terra, e por onde passo, acabo por fincar raízes... e me deixo plantar sentimentos com muita facilidade..
    Como a terra, sou quente e intensa, e não sei ser alheia as pessoas que passam pela minha vida...
    Gosto de senti-las de verdade, amá-las de verdade, não sei ser pela metade.. e nem só amar nas horas vagas..
    Quando o imagino a me observar lá em seu planeta, sinto que pela sua vida não passei de uma estrela cadente, o que para os outros parece uma magia da natureza, mas que para o observador de Urano, foi apenas mais um evento resultante de um atrito de alta velocidade de uma rocha espacial com o Ar, que gerou rastros de luz, bonito de ser apreciado, porém momentâneo...
    A sua passagem pela minha vida, porém foi como uma aurora boreal, uma experiência regida pelas forças da natureza, e que é preciso dar tempo ao tempo para vê-la...A probabilidade de apreciá-la nem sempre é garantida, porém a intensidade compensa... despertando, sensações, encantamento e inquietações diversas..
    E em minha paciente procura pelas Constelações, tentando desvendá-las procuro também o menino de Urano, não encontro sinais da sua presença, porém sei que está lá... Afinal foi ele que me ensinou os mistérios do Universo quando veio dar um passeio aqui pela Terra...


    by.:Lilian Ventura

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Sem Pés nem Cabeças



 Inquietações diárias a respeito de detalhes que me cercam... ou dos pés que me cercam...




(PARTE-1)


Olhos cansados
Pés exaustos
Olhos exaustos
Pés cansados

Pés que falam
Pés que significam
O Nada e o Tudo
O Tudo e o Nada

Julgamentos incompletos
A saciar e desvendar o desconexo
Quando o calçar já não satisfaz
Basta Botar!






 (PARTE-2)



Pés ensaiados
Pés descompassados
Pés sem cabeça
Pés sem donos

Descalços, desamarrados, desapegados.
Agem por conta própria.
Pés inquietos, nervosos, revolucionários.

Muito tem a dizer sobre seus respectivos donos.
Pouco podem falar sobre seus respectivos donos.





                                              
(PARTE-3)


Todos na praia estão descalços.
Nos bares caros, em seus caros sapatos.
Forjando uma elegância que tanto incomoda
Loucos para chegar em seus lares, e loucos soltos e descalços ficarem.

Livres de dogmas e preconceitos... dentro de casa a vaidade dos passos inexiste.

Todos são iguais.
Pés livres a descansar.
O “Peso de Ser”
O grande carregador das “cousas” do mundo
Só quer ficar de pernas pro ar.
Prontos para mais um dia levantar, e ensaiar.




(PARTE-4)



Olhe aqueles bebês, andando a explorar o desconhecido mundo.
O medo do desconhecido ainda não lhe contêm
Porem após algumas quedas, este começa a se fazer presente.
Este medo, no entanto, ainda não o consome de forma completa, a ponto de impedir de se levantarem e ensaiarem os primeiros passos da sua vida
Por hora já não vejo, mas bebês, eles cresceram deixando já se levar a outras novas descobertas.
Pés adolescentes a trilhar caminhos convidativos, viagens, rock in roll, bares, pessoas, amores, ilusões, e outras bagagens formadoras de personalidade.
Até que...
Olhe aquela jovem!
Já não usa mais havaianas, alls stars ou sandálias de couro.
Caminhos desconhecidos já não lhe agradam mais.
Quer ACOMODAR seus pés.
Seus pés hoje preferem os sapatos, finos, caros que não podem ser gastos em caminhadas em vão.
E sentar-se tardes avulsas em frente à TV, agora é o melhor remédio, um exercício de constante passividade e descanso.
Afinal não irá gastar seus sapatos em vão!
O tempo já passou, e já tem seus próprios filhos adolescentes, e ainda os questiona...

Porque prefere as havaianas?


by:. Lilian Ventura

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

O Homem Desconhecido



Primeira postagem, cheguei meninas, em plena madrugada regada a cafeína!!





O Homem Desconhecido



Ela estava perdida em devaneios.
Encontrava-se perdida, sem caminho de volta ou saída de emergência.
Apenas labirintos, que a levavam a um lugar qualquer.

E em um instante, sua feição mudou, seus olhões brilharam, ao avistá-lo lá longe, onde a pouca luz já se fazia falha, onde era percebida apenas uma silhueta...

Buscou ir ao seu encontro... Ansiosa...

Ele continuava parado, e a cada passo, ela sentia seu coração acelerar, em um ritmo cada vez mais agônico....sentindo-o quase a soltar boca a fora.

Mantêm-se porém, aparentemente serena...

Quando por fim encontra-o, um ato impulsivo lhe toma conta, e desliza levemente sua mão pela barba dele, e os pelos daquela barba lhe arranham o coração, percebendo um leve calafrio tomar conta de si.

Ele dá um passo para trás, assustado.

Ela afasta sua mão, assustada.

Ele lhe toca a nuca, a toma nos braços e a faz mergulhar em um beijo, aquele beijo que ela já conhecia.
O beijo do homem desconhecido.

Ele se afasta logo em seguida.

Ela continua com os olhos fechados imersa naquele beijo.
Ele vira as costas, e continua seu caminho no labirinto...
Ela lá continua estática, sem acreditar que ele aparecera de novo, e ela novamente nada sabia sobre este homem...

Ou o porquê, dele sempre a possuir desta forma, e logo em seguida continuar seu caminho, sem ao menos olhar para trás.

Ela fecha bem os olhos, e consegue ainda sentir o gosto doce-amargo daquele beijo.

Quando por fim se deu conta, já estava seguindo adiante no labirinto, procurando uma saída...

Ao mesmo tempo que ansiando pelo seu amante desconhecido, o qual, não lhe dava tempo de...

Saber se ele realmente existia, ou se não passava de um fantasma, que ela criou para não mais se sentir só no...

Labirinto.

Lilian Ventura

¨Ain't afraid to die¨



Eu não sei namorar
Sem me doar
Dilatar a memória
Me entregar à ternura

Encadernar os dias
Escrever bobagens
Andar de mãos dadas
Sofrer com sutileza 
Na ausência do olhar

Só sei namorar na delicadeza
Em corar o rosto e me render
De tornar doce o cotidiano
Apaixonar-se na apreensão

Ouvir uns sons estranhos
Ver desenhos traçados
Nos bordados da loucura

E ambos ter idéias surreais
Ir percebendo a velhice
Nas dúvidas sóbrias
De algum passado
Meio amargo

E nesses modos
Não comemos a nostalgia
Mas convencidos de
Comer a mistura

Saudade
Sem fim
Sobriedade
Sem memória

Não sei namorar
Sem amar
Da última interrogação
A primeira dança
  
Só sei namorar
Sem arrogância
Sem palavras mortas
Com intimidade
Só de conversar