segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Sem Pés nem Cabeças



 Inquietações diárias a respeito de detalhes que me cercam... ou dos pés que me cercam...




(PARTE-1)


Olhos cansados
Pés exaustos
Olhos exaustos
Pés cansados

Pés que falam
Pés que significam
O Nada e o Tudo
O Tudo e o Nada

Julgamentos incompletos
A saciar e desvendar o desconexo
Quando o calçar já não satisfaz
Basta Botar!






 (PARTE-2)



Pés ensaiados
Pés descompassados
Pés sem cabeça
Pés sem donos

Descalços, desamarrados, desapegados.
Agem por conta própria.
Pés inquietos, nervosos, revolucionários.

Muito tem a dizer sobre seus respectivos donos.
Pouco podem falar sobre seus respectivos donos.





                                              
(PARTE-3)


Todos na praia estão descalços.
Nos bares caros, em seus caros sapatos.
Forjando uma elegância que tanto incomoda
Loucos para chegar em seus lares, e loucos soltos e descalços ficarem.

Livres de dogmas e preconceitos... dentro de casa a vaidade dos passos inexiste.

Todos são iguais.
Pés livres a descansar.
O “Peso de Ser”
O grande carregador das “cousas” do mundo
Só quer ficar de pernas pro ar.
Prontos para mais um dia levantar, e ensaiar.




(PARTE-4)



Olhe aqueles bebês, andando a explorar o desconhecido mundo.
O medo do desconhecido ainda não lhe contêm
Porem após algumas quedas, este começa a se fazer presente.
Este medo, no entanto, ainda não o consome de forma completa, a ponto de impedir de se levantarem e ensaiarem os primeiros passos da sua vida
Por hora já não vejo, mas bebês, eles cresceram deixando já se levar a outras novas descobertas.
Pés adolescentes a trilhar caminhos convidativos, viagens, rock in roll, bares, pessoas, amores, ilusões, e outras bagagens formadoras de personalidade.
Até que...
Olhe aquela jovem!
Já não usa mais havaianas, alls stars ou sandálias de couro.
Caminhos desconhecidos já não lhe agradam mais.
Quer ACOMODAR seus pés.
Seus pés hoje preferem os sapatos, finos, caros que não podem ser gastos em caminhadas em vão.
E sentar-se tardes avulsas em frente à TV, agora é o melhor remédio, um exercício de constante passividade e descanso.
Afinal não irá gastar seus sapatos em vão!
O tempo já passou, e já tem seus próprios filhos adolescentes, e ainda os questiona...

Porque prefere as havaianas?


by:. Lilian Ventura

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