Através do Texto Felicidade e Ética: promessas e dúvidas, que Natalia escreveu, pude pensar a presença dessa tal relatividade na vida e do que imaginamos como o bom, o certo a partir dos comportamentos, dentro da história do mundo. E como mostrou Nati, o pensamento sobre esses conceitos "Felicidade", "Ética", foi estudado e esmiuçado por filósofos e pensadores diversos. Para nós, "meros mortais" (que também podemos ser "pensadores") estas questões, não se colocam na maioria das vezes, como conceitos a serem estudados. A Ética pode ser enquadrada como uma ciência do comportamento, mas antes de ser uma ciência ela simplesmente é! No mundo, somos perpassados o tempo todo por ela só não nos damos conta. Nos acostumamos a não pensar sobre o que estes conceitos significam, ou não discutir sobre o que abarcam, como Nati bem afirmou no início do texto dela.
A Felicidade pra mim, também é um estado de ser e de viver no mundo e dele participar! Sei lá, um modo ser que pressupõe alguns princípios como o do perdão, o de fazer coisas sem esperar nada em troca, que são inquestionáveis. Temos uma idéia geral de Felicidade, Ética, mas que se confunde apenas com a satisfação de desejos que não incluem o outro. Durante a vida temos séries de satisfações, e buscamos a felicidade como algo eterno, mas cabe a nós, entendermos como não estamos sozinhos, como fazermos parte deste todo, e como felicidade não faz sentido se não for compartilhada. Acabamos reduzindo esse debate em nossa vida diária a uma forma prática, como se a felicidade fosse desmembrada em diversas pequenas necessidades mínimas, que vão se desdobrando em necessidades maiores. - Poxa, fulano não tem o que comer, hoje. - Poxa acabei de ser assaltada! Isso é certo? Isso é errado?
A Felicidade pode estar vinculada num primeiro momento, ao acesso às necessidades básicas, comer, beber, por exemplo. - Mas perai, (grita o fulano de trás), tem gente que não come e mesmo assim é feliz…. (risos). Poxa perai! Existe a relatividade das coisas, mas não vamos exagerar, Sr. Einstein me desculpe, tem limite! Claro que existe gente, que é muito mais feliz com o pouco que tem, em relação à alguns que têm muito. Mas descartar, principalmente, questões básicas, das quais o indivíduo depende para estar vivo no mundo! Pra mim é no mínimo, confundir as coisas.
Isso significa que toda pessoa que tem acesso a necessidades básicas, é mais feliz? Ou que aquele que não possui esse acesso, é infeliz…? Não! Neste caso a relatividade se aplica, pois até a aplicação do conceito de relatividade é relativo! (risos).
Ou seja a ação antrópica simplesmente existe, porque o homem existe, o curso de nossas vidas estão sempre mudando, de acordo com as nossas experiências, e estamos sempre mudando o curso da vida de outras pessoas. O simples ato de encontrar um amigo, e conversar sobre determinadas coisas, o simples ato de escrever ou ler, vai introjetando e modificando algo dentro de nós. O simples ato de existir.
Apesar de eu acreditar que existe também, uma essência primordial que nos diferencia enquanto seres humanos, porque até na forma como captamos certas experiências e as reflexões que temos destas, vai nos definindo e nos diferenciando ao longo da vida. E é exatamente aí que reside a beleza, temos tanto a acrescentar uns aos outros!! Certas pessoas podem ser sensíveis mais do que outras em relação a determinados eventos e assuntos. Ou mesmo, o tipo de vivência, que uns tiveram, e outros não. Então o que pode ser interessante para alguns, pode não ser pra outros, relatividade denovo? Nãooo!!
Fato é que podemos começar, estando abertos a experiência da vida, sem prejulgar, sem tentar nos impor mas propondo sempre o diálogo. Por exemplo eu, quando escrevo é uma forma de tentar me entender também, no mundo, não apenas para que outras pessoas leiam, porque quando coloco meus pensamentos pra fora, reflito eu também, sobre eles. Muita gente pode ler esse texto, e não ter paciência, e não significar nada, mas outros talvez estejam mais propícios a entender ou num momento propício. Eu mesmo vinha falando no meu comentário ao primeiro texto, o de Nati, que eu havia lido o texto dela quando ela publicou, mas na época não tive nada a dizer! E veja só agora ele rendeu um post, de tanta coisa que refleti!
Minha única dúvida é, se realmente se existe relatividade em relação à um estado de felicidade puro e genuíno (como um estado permanente de alegria e contentamento que independe de conquistas materiais). Que pode sim, advir de uma pessoa sem posses. Já paramos pra perguntar se o indivíduo do outro lado da rua, o mendingo, não é realmente feliz? Vamos tentar pensar, o homem vive da caridade dos outros, e essa caridade nem sempre é dada de bom grado, provavelmente ele (o mendingo), ficará feliz com o que ganhou, mas a pessoa que doou nem sempre sente-se feliz com isso, e o faz apenas por um compromisso Moral, não um compromisso Ético. Porque temos essa visão do que é bom e benévolo. Mas se estivermos apenas satisfazendo um compromisso moral, sem uma "verdadeira entrega", o fazer pelo bem, pelo amor, pelo ético, estaremos novamente infelizes e voltamos a estaca zero. Pra mim a Ética é algo maior em prol do bem comum, que pode trazer alegria e fazer o bem a felicidade reverberar, cada vez mais e mais, para os outros e para nós mesmos, por conseguinte. Esse mesmo mendigo pode saber melhor o significado da felicidade no seu estado de espírito, pode ter ali vivências e pequenas situações em contato com outras pessoas na rua, que trazem uma paz interior e profunda sabedoria sobre o motivo de estarmos vivos. Isso não significa que ele deva ser privado de direitos básicos, como alimentação, saúde, etc, etc. São coisas diferentes.
Já a satisfação das necessidades mais supérfluas, pode trazer uma momentânea felicidade, não genuína… porque esse tipo de satisfação, só gera outras, é uma dependência quase doentia, de ter sempre mais e mais… alimentada pela moda, pelo consumismo, pela mídia, etc, etc. Satisfação de nossos desejos mais egoístas. - Quero ser melhor que o outro, estar mais bonito, mais atraente, ser mais inteligente, etc, etc. E daí advém todas as questões de satisfação do ego… que não gera resultados positivos, apenas embates… pura vaidade...
A Ética, se for uma forma de viver que leva a felicidade, como Aristóteles diz, precisamos recuperar esse pensamento aristoteliano, porque algo de importante ele têm a mostrar…
Tentar incorporar em nossa vivência, mais altruísmo, e sentir mais satisfação com o que temos, repensar valores mais espirituais. A felicidade sim, pode ser vista como um estado primordial ao meu ver, algo que pertence apenas a um estado de "ser" no mundo, em que o outro está sempre incluído. Ou seja , coisas que estão relacionadas ao inconsciente coletivo (Jung), e certos princípios universais (o amor, a compreensão, valorização da vida), que acho que se buscadas proporcionam um tipo de felicidade mais plena. Até as idéias revolucionárias de Cristo, na sua filosofia de "amor ao próximo", Gandhi, Buda, Meishu Sama, etc, etc… e até outros que não apenas tentavam teorizar, mas desenvolver em ações concretas, estamos cheios de heróis do dia-a dia!
Acho que precisamos disso, mais Amor, Reflexão, Filosofia, Arte.
E que possam me criticar também!!!
Ah! E vejam o Texto de Nati anterior:
http://viciadasemcafeina.blogspot.com.br/2013_04_01_archive.html
PAZ!!